sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Verdade

Bate no peito
Fora de compasso
Toques e repiques
Dores e dissabores
Erros, não acertos
Silêncio, silêncio...

No branco da existência
Vem o desespero
Prestando condolências
Ao intranquilo passageiro
Do corpo
Fora de si

Lágrimas secaram
Mas há a chuva
E os banhos demorados
Para relembrar
O peito, alquebrado
Como chorar
Por tudo
Por si

As dores foram sendo varridas
Oprimidas e escondidas
E tal qual os fogos de Copacabana
Um dia irromperam
Desavisadamente
Dilacerando o peito
E a alma
Outrora dormente

Pois não se pode enganar
As dores e frustrações
O peso dos sonhos
Quebrados
As vicissitudes
Do destino não vivido

Há que se encarar a podridão
Dos ossos desenterrados
Das emoções e
Das dores
Em decomposição

Exorcizar as dores
E os dissabores
Só é possível
Ao parar de disfarçar o lixo
Com um arranjo
De flores

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

A vida nos prega peças
E verdades que dávamos como certas
Se mostram já anuviadas
Nubladas, embaçadas

A leitura de pessoas e situações
Que sempre foi um talento nato
Se tornou em diversos casos um tormento
Um pequeno obstáculo, um descalabro


Quebra

O tempo vai passando
Em um descompasso sem fim
Dias e anos,  meses, minutos
Fugindo, transfigurando
Minha vida, alheios a mim

Décadas já vivi
E quase nada apreendi
Olho no espelho e penso
Quem raios é essa aqui?

O cordão umbilical de outrora
Esteio que ligava ao porto seguro
Se converte em âncora
Em obstáculo
De meu caminho para o mundo

Mitos que me guiavam
Crenças cegas sem fim
Segurança que confortava
Quebraram-se em mim

Já não carrego mais certezas
Apenas dúvidas e questões
Abro-me a pequenas sutilezas
Apreendendo novas sensações

Para onde vou, já não sei mais
Como serei, já não sei
Não sei se creio no que vejo
Nada mais é como pensei