segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Segunda-feira

E o fim de semana acaba
A diversão desagua
E a vontade de levantar
Desaba

Como levantar o edredon
Enfrentar a vida
Sem perder a alegria
Sem sair do tom

O café ajuda
O jornal traz notícias ruins
O tempo enferruja
Lá vem chuva
Ai de mim

Vontade de dormir
De desabar no sofá
Ai, plena segunda
De-me uma colher de chá

Na terceira xícara de café
Olho em volta, penso na vida
Ponho-me em pé
Arrumo a cama, esvazio a pia
Tomo um banho morno
E a realidade se avizinha

E que bela surpresa
O peso da segunda feira
Havia me feito esquecer
O quão feliz é minha vida
O quão bom é viver

Le discipline est la victoire de la raison sur la paresse

Sim, sim. A disciplina é a vitória da razão sobre a preguiça. Lema talvez bobo, mera regrinha de autoajuda, mas que fez todo o sentido quando li em algum blog pela internet...Porque a real liberdade, o real livre arbítrio, só existe quando não se é escravo das próprias paixões, das próprias desarrazoadas vontades, gratuitas e sem nexo.
Sou (ou era) a mestre da autoindulgência, das desculpas esfarrapadas, da procrastinação. E eis que a vida entrega a conta e se torna necessário enfrentar o fruto do não-feito, do não-realizado, do tão apenas sonhado: o vazio, a não realização, a insegurança. Chegar aos quase 30 sem grandes metas, sem grandes feitos.
Porque a meta não realizada, não instrumentalizada, não é sequer sonho, mas pura fantasia, semente da frustração. E vem a surpresa: a capacidade de realizar, de atingir, de construir. De olhar o futuro sem medo, de peito aberto, pronta pra tudo - inclusive pra cair e pedir ajuda pra levantar.
Perceber que a sensibilidade e a delicadeza não são fraquezas, mas sim características naturais, intrinsecas e inatas, que fazem parte de mim, do que sou, da vida que estou a construir. Que se mostra feliz e cheia de possibilidades.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

E agora?

E eis minha surpresa
Coisas que julgava absolutas
Dais quais tinha certeza
São confrontadas
Com a triste realidade
Com a vil verdade
De que, quem diria
Há um preço na dignidade

O tapa recebido
O grito ouvido
A agressão perpetrada
Quem diria, Meu Deus
Que seria facilmente perdoada
E que a vida seguiria
Em inconsequente alegria
Sem mudanças,
Em pura elegia

E agora?
O que fazer com paradigmas
Que foram absolutos outrora
Até outro dia
Como seguir com as crenças
Como reformular
Meu lugar na vida?

Olho ao meu redor
Em absoluta perplexidade
Com tão estranha e infame
Degradante realidade
O que fazer de mim?
Com minha sensibilidade?
Trabalhar a tolerância,
Respeitar a diversidade.