sexta-feira, 3 de julho de 2009

Atoleimada

Sinto-me um pouco seca, um pouco morta, um pouco sôfrega, um tanto vazia. Imersa em mim mesma, cinza, cinza, sem saber bem o que fazer comigo. Parece que tirei férias do mundo e saí sem data indefinida para voltar, rumo à uma incursão por lugares desconhecidos, desbravando lados de meu caráter que nem suponho existir.

Nesses hiatos, em que esqueço um pouco o mundo lá fora, sinto-me mais verdadeira, mais em contato com a minha natureza. E, nessa distância abissal, passo a estar mais próxima das pessoas, mais apta a fazer contato, mais aberta. E nem mesmo me dou conta disso. Quando dou por mim, já converso com desconhecidos, abraço mais, recebo beijos, sorrisos, confissões.

Não sei.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Palavras a um amigo

Não há médicos nem remédios para pessoas como nós, sempre envoltas em pensamentos nebulosos, mergulhados na própria perplexidade ante o mundo, velhos de espírito, mas com curiosidade de criança. Por isso escrevemos. Esse é o nosso jeito de, se não remediar, ao menos lidar com nossos males, nossas dores, nossos fantasmas - reais ou não.

Tenho aprendido a celebrar o fato de ter nascido assim. E de aceitar que sou, serei e estarei eternamente sozinha, mesmo rodeada por pessoas queridas, a quem amo e que muito me amam. Há um pedaço de minha existência que ninguém jamais poderá atingir, conhecer. Só será tangível para o outro quando transposto em palavras. Em linhas e entrelinhas, dou-me a ser conhecida, reconhecida, desvendada. Mas nunca totalmente.

Sempre me surpreendo comigo mesma. Quando penso que me conheço, que desvendei um pouco mim, vou lá e descubro, nos recônditos de mim algo novo, ou mesmo velho, mas desconhecido ou esquecido, enterrado ou recém-nascido. A parte mais incrível e impressionante de minha vida se passa dentro de mim, em minha perene circunspecção.

eis-me: casmurra ensimesmada